Em Três Pontas, no coração do Sul de Minas, a fé e a devoção caminham lado a lado com a memória de um homem que marcou a história da cidade: o Beato Padre Victor. Conhecido como o anjo tutelar de Três Pontas, sua vida simples, dedicada e profundamente cristã o transformou em símbolo de caridade, humildade e amor ao próximo.
Nascido em 1827, em Campanha (MG), Francisco de Paula Victor era filho de uma escrava alforriada. Sua origem humilde foi, desde cedo, um desafio, já que naquela época os preconceitos sociais e raciais eram fortes barreiras para quem sonhava com uma vida religiosa. Mas a fé, a perseverança e o chamado de Deus falaram mais alto. Com o apoio de pessoas que acreditaram em sua vocação, ele ingressou no seminário e, em 1851, foi ordenado sacerdote — tornando-se o primeiro padre negro do Sul de Minas.
Ao chegar em Três Pontas, Padre Victor se deparou com uma pequena cidade que precisava de orientação espiritual, educação e cuidado social. Com humildade, conquistou os corações dos moradores não apenas pelo exemplo de fé, mas também pelas obras que realizou. Fundou escolas, lutou contra desigualdades e dedicou sua vida inteira aos mais pobres e necessitados.
Sua figura é lembrada até hoje como protetor e guia espiritual do povo de Três Pontas. Não à toa, ele foi chamado de anjo tutelar da cidade: alguém que intercede, ampara e protege, mesmo após sua morte, ocorrida em 1905.
Em 2015, a Igreja Católica reconheceu oficialmente sua santidade de vida e o proclamou Beato Padre Victor, em cerimônia celebrada no Campo de Afonso Pena, em Três Pontas, com a presença de milhares de fiéis. Esse marco reforçou o que o povo já sabia há muito tempo: Padre Victor é exemplo de fé viva, esperança e caridade.
Todos os anos, em setembro, a cidade se enche de peregrinos que vêm agradecer, pagar promessas e pedir bênçãos ao Beato Padre Victor. É uma das maiores manifestações religiosas de Minas Gerais, que reforça o elo entre o passado de devoção e o presente de fé.
Mais do que lembrança histórica, Padre Victor é inspiração diária. Sua vida mostra que a grandeza não está nas posses ou no status, mas sim no amor que se oferece ao próximo. Por isso, ele continua sendo o anjo tutelar de Três Pontas, um farol de fé que guia gerações.

